quinta-feira, 19 de abril de 2012

Dia especial

Hoje talvez tenha sido o dia mais especial em toda a minha carreira e por isso não poderia deixar de postar aqui, ainda mais por estar tão sumido, mas juro que é por uma boa causa!
O tema que trabalhamos na aula de hoje foi "Coisas que nos deixam feliz" e foi muito produtivo, as crianças participaram muito e entre uma fala e outra sempre saía: "O que me deixa feliz são as suas aulas, tio!", "Você é o melhor tio!". Eu achei muito lindo esta atitude, pois nunca havia recebido tantos elogios assim em um dia só, ainda mais vindo de crianças tão pequenas que são sempre tão sinceras.
Durante as aulas da tarde eu reservei um tempinho para tirar fotos de todos os alunos para construirmos parte de um projeto em que estou trabalhando. Aí já viu, não é!? Imagine a euforia das crianças.
Não tendo condições nenhuma de voltar ao assunto, levei as crianças pra quadra e mais que rapidamente elas arrumaram uma bola de basquete e começaram a jogar... por um instante eu fiquei só observando e decidi jogar com eles. Literalmente me joguei! Corri, pulei, curti cada momento, foi como se eu tivesse voltado no tempo, afinal não jogo basquete há uns 15 anos. Era como se aquela pequena quadra tivesse se transformado no imenso ginásio de piso de madeira da escola onde estudei. Suei e sujei a camisa, vocês precisavam ver a carinha deles me olhando. Aposto que estavam pensando: "O tio está doido!". Foi muito, muito bom!
No fim da tarde eu ouvia pelos corredores: "A aula de hoje foi a melhor de todas, o tio arrebentou!" Saí de lá  maravilhado, e chegando em casa, postei em uma rede social:

"Esgotado, mas feliz.
Obrigado, meu Deus pelo dom que me deu. =]
Não sei o que seria da minha vida se não tivesse sido educado para educar."

E logo veio o bombardeio de ex alunos dizendo "Você é o melhor, sem dúvida!", "Você é o melhor tio", fora as tantas "curtidas".
O motivo de tanta felicidade é apenas um. Este é o meu único incentivo... os meus alunos. Nem preciso falar do descaso por parte do Governo e da sociedade em geral, não é!?
Estou aqui, lutando, pois acredito em algo muito maior que isso. Não preciso de troféus, nem medalhas, pois para mim, o maior troféu é ser lembrado com carinho por um ex aluno, é um sorrisinho de aprovação no rostinho das crianças.

sábado, 26 de novembro de 2011

Saudade

Nossa! Muita saudade de postar minhas experiências por aqui, porém estou trabalhando tanto, mas tanto que não sobra tempo. Nas férias prometo fazer um resumão! =]

Beijos e abraços.

sábado, 9 de abril de 2011

Em luto

Estou em luto e sem palavras pelo massacre na escola municipal Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro.
Ainda não consigo escrever nada sobre o assunto, pois não consigo acreditar nem imaginar o ocorrido tão medonho.
Fica aqui resgistrado a minha solidariedade as famílias das vítimas.

Eu quero paz!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Virada em minha vida

Amigos e companheiros, que saudade!

Quem diria que minha vida daria esta virada.
Estou trabalhando feito louco, com uma carga horária desumana, mas é o único jeito de ter um salário digno, embora esteja adorando estes novos desafios.
Estou trabalhando com orientação educacional, com crianças de 1o à 9o ano. Além de orientar também ministro aulas de minha disciplina. O trabalho exige muito, mas muito esforço mesmo! Muita criatividade, paciência, dinamismo entre outras coisas.
O bom de trabalhar com crianças é que a gratificação é instantânea, pois eles gritam seu nome em coro, aplaudem, adora e faz tudo que vc propõe em sala, fazem "Ahhhh..." quando acaba a aula, te abraçam todos juntos de uma vez só e bloqueiam a porta pra vc não ir embora... é uma graça! NUNCA vi coisa assim na minha vida, as vezes um sorrisinho, um simples "tchauzinho" ou um "Oooi Tio" é capaz de mudar o meu dia.
Falando em tio eu já até me acostumei com esta história deles de me chamarem de tiu... pois caso não saibam eu tenho apenas 28 anos ainda, embora esse "ainda" esteja acompanhado e relacionado a "crise dos 30" que já estou começando a enfrentar. Risos.
Ainda estou trabalhando no período noturno na antiga escola que tanto citei aqui, aquela onde iniciei minha carreira como professor, estamos passando por vários problemas, mas vamos solucionar, espero!
Tive também alguns problemas pessoais gravíssimos, tais como ameaças e coisas parecidas, tanto que fui obrigado a tirar o blog do ar por alguns meses, tive que excluir redes sociais, mudar de e-mail, telefone etc. Mas a pessoa já está na mira da polícia. Mas deixa isso pra lá, nem sei porque comentei isso aqui, mas é sempre bom afirmar do quanto existe pessoas vazias neste mundo... que fazem o mal a troco de nada, só pra se realizar. Para essas pessoas uma palavra bem pequena como elas: pena.
Foram tantos outros problemas pessoais que também nem vale a pena citar como cirurgias, relacionamentos, estresse, problemas de saúde, etc. O importante é que eles foram, superei tudo e estou aqui para provar que tudo é possível quando há empenho, amor e dedicação.

Agradeço imensamente sua torcida, querido(a) leitor(a) e companheiro(a).

E peço gentilmente que ajude a divulgar esse blog, afim de que possa continuar servindo de incentivo para outras pessoas, sejam da área educacional ou que simplesmente pessoas que não sabem das dores e lutas que temos que enfrentar todos os dias para transformar nosso país, nosso mundo em um lugar onde não haja ignorância, preconceito e violência.

Indique aos seus amigos do Twitter, Facebook, Orkut, blogs e ficarei muito grato!

Um forte abraço.

sábado, 15 de maio de 2010

Novidades

Quanto tempo que não passo por aqui!

Muitas coisas aconteceram neste meio tempo, vou tentar relatar tudo neste poste e depois prometo que vou atualizar sempre.

Bom, o ano passado foi maravilhoso, pois formei minhas primeiras turmas, as que acompanhei durante três anos. Fui paraninfo, professor homenageado da turma e padrinho de uma aluna. A formatura foi linda, me emocionei várias vezes ao me despedir daqueles que esteve sob meus cuidados durante tanto tempo, tantas mudanças, tantos problemas resolvidos, tantas alegrias, tanto esforço e agora eles criam asas e voam. Minha alegria é que muitos ainda mantêm contato comigo, estão na faculdade, bem encaminhados e isso me deixa muito feliz e me dá a sensação de dever cumprido e é a única coisa que me incentiva a continuar, logo falo sobre isso.

Este ano estou trabalhando em duas escolas no período da manhã e noite, uma é a minha do coração, minha primeira escola e também estou vivendo uma nova experiência profissional, que por sinal estou adorando, trabalhando em uma escola particular, onde trabalho com crianças de 5ª a 8ª série desenvolvendo três matérias diferentes. Este novo desafio exige muito de mim, pois afinal, eu nunca havia trabalhado com ensino fundamental, com crianças tão pequenas e cada dia me apaixono mais por este trabalho, me consome muito mais energias, exige muito mais de mim, porém é gratificante.

Na ultima quarta-feira ouvi de três alunos de diferentes turmas que eu sou o melhor professor da minha matéria que eles já tiveram e outros professores vieram me dizer da admiração que eles têm pela minha pessoa e isso meu deixou muito feliz, pois sei que mesmo sendo rígido, consigo alcançar uma justa medida e o melhor eles entendem a mensagem. As crianças da 7ª série me apelidaram de “Sr. Fantástico” por conta da minha versatilidade quanto as diferentes matérias.

Bom, como nem tudo são flores tenho que falar do desrespeito que nossa categoria vivenciou no inicio deste ano, com os ataques do até então governador José Serra, que por sinal já é pré-candidato a presidência da república (Deus nos livre). É difícil entender pra quem está do lado de fora, com tanta propaganda falando que a educação está “nota 10”, propagandas extremamente enganosas no horário nobre de uma emissora que apóia descaradamente José Serra, assim como 90% da mídia, quais os motivos? Não sei, só sei que tem coisa aí! Posso dizer que com certeza a ultima manifestação que fui, em frente ao palácio do governo foi um dos dias mais triste da minha vida, onde naquele momento voltei pra casa decidido a deixar tudo, mudar de profissão. Fomos recebidos com tiros de borracha e bomba de efeito moral, um absurdo em uma manifestação extremamente pacífica, e importante: com o apoio de pais e alunos. Ver meus colegas sangrando, desmaiando, correndo foi aterrorizante, me lembrou os tempos da Ditadura, enfim, nunca vou me esquecer deste dia, lamentável.

Mas como disse, enquanto houver um olhar curioso em um rosto inocente, ali eu estarei disposto a cumprir com a minha missão, "enfim, fui educado para educar".

domingo, 5 de julho de 2009

Formatura do supletivo

Na última sexta-feira ocorreu a formatura dos meus alunos do supletivo e eu estou muito orgulhoso, pois fui homenageado pela turma e o fato me deixou muito feliz.
Após a celebração festiva houve uma baita de uma recepção que nós mesmos preparamos no pátio da escola, foi realmente uma beleza.
Cada formmando tinha direito de levar alguns convidados, pois era uma festa de família que não seria aberta para o público em geral e por isso infelizmente aconteceu um fato muito chato. Pularam o muro da escola quatro rapazes que começaram a tumultuar a festa, a diretora que estava presente pediu que os mesmos se retirassem, mas eles discaradamente não queriam ir embora... foi uma situação muito desagradável, imaginem só que tivemos que encerrar a festa de baixo de ameaças.
Algo muito triste para um dia de grande alegria para os nossos alunos, familiares, corpo docente e gestor.
A luta pela educação continua.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Luz no fim do túnel

O início do ano foi muito complicado, com a diminuição das aulas, as minhas salas aumentaram... Estava com 33 aulas, em duas escolas, sendo 29 em uma e 04 em outra. Decidi largar 04 aulas, assim ficaria em uma escola só e diminuiria em 50% a burocracia que é tão chata.
Muitas coisas aconteceram desde o início do ano, com as palhaçadas feitas pela Secretaria da Educação, com isso a antiga secretária pediu demissão, mas o atual não parece que está pior quando se refere ao bem estar e a qualidade de vida dos professores. Muitos estão sendo subestimados, humilhados, perdendo muitos de seus direitos, mas enfim, não quero me deter aqui a estes comentários, pois este não é o intuito do blog... Para falar destes assuntos já existem inúmeros sites, além de outros meios de mídia que nos sacrificam diariamente.
Têm acontecido muitos fatos bacanas na escola, porém a correria não me deixa registrar aqui, mas vou comentar uma coisa muito engraçada que aconteceu ontem na minha última aula em uma 3ª série do Ensino Médio.
No auge de um debate sobre preconceito quando eu questionava uma aluna a respeito de sua opinião, a vice-diretora entra em meio corpo na sala, para minha surpresa e da vice a sala exclamou em coro: - Aaaaaaaaa! A vice percebendo a atenção dos alunos disse que seria rapidinho, mesmo assim eles continuavam inquietos, alguns resmungando baixinho: - Vai logo, vai logo!
Fiquei muito contente, pois eles manifestaram interesse na aula, e não fizeram o contrário torcendo pra que o recado demore só para tomar parte da aula, principalmente se tratando da última aula do dia.
São por estas poucas atitudes que ainda continuo no Estado, pois ainda consigo ver aquela luz no fim do túnel, que às vezes se intensifica e parece que estou mais perto... se não fosse por isso, pelos meus alunos já teria largado tudo.

Ofereço este post a leitora Katia.
Obrigado pelo incentivo de sempre!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

2009 a todo vapor!

Faz algum tempo que não posto aqui... a vida anda muito corrida.
Passei apenas para registrar que estou trabalhando esse ano com carga completa (33 aulas) de manha e a noite, sendo 29 aulas na escola 1 e 4 aulas em uma escola nova, onde chamarei de escola 5.
Logo venho contar as novas experiêcias!

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Fim de ano

Mais um ano que se acaba, mais turmas que se formam, mais esperanças que se criam, pois as forças se renovam.
Que emoção em saber que chega ao fim de mais uma batalha, mais uma vitória! As formaturas das escolas são emocionantes, pois os frutos se materializam ali em forma de festa, alegria. Nesta hora tudo aquilo de ruim que passei eu esqueço... todas as perturbações, as dores de cabeça se tornam nada frente a felicidade que sinto ao ver um aluno meu chegando lá, ao fim de uma etapa que eu ajudei a prepara-lo.

Feliz Natal e um Lindo 2009! Cheio de luz e paz!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Um dia de uma professora portuguesa


Hoje fui para a escola ainda com mais custo que o habitual. É dia de 9ºC e toda a turma parece apostada em dar cabo do que resta da minha saúde. Se não tivesse filhos para criar já me tinha suicidado. Com um pouco de sorte pode ser que os piores não vão hoje. Estou a tremer. Tomei mais um Victan.
...As aulas com o 8ºA e o 9ºB não foram das piores, porque já estamos na Páscoa e metade deles faltaram. Só apanhei com uns paus de giz, um ou outro avião de papel e uma sapatilha All Stars preta. Não consegui dar matéria, como é habitual. Uns falam ao telemóvel, outros jogam nas Playstation Portable, outros lêem revistas de wrestling e de tuning. Dantes podíamos chamar alguém do Conselho Directivo, mas agora ralham connosco e acusam-nos de não sabermos dar aulas.
...O 7ºD foi pior. São mais novos e ainda não se entretêm muito com os jogos e as revistas. Estes estão naquela fase em que gostam de andar a passear por cima das mesas, a saltar pelas janelas e a entrar outra vez pela porta da sala, esse tipo de coisas... Andar por cima das mesas ainda é como o outro... Como me rio agora quando me lembro da primeira vez que um aluno andou por cima das mesas. Foi na altura do Governo do Guterres. Mandei um recado para casa e apresentei queixa à Directora de Turma. Tive sorte! Os pais da aluna fizeram queixa, mas dessa vez só apanhei um processo disciplinar do Ministério, por não saber manter a ordem na sala. Não me bateram nem nada!!!
...O Presidente do Executivo ia a passar e viu alunos a saltar pela janela. Estou em sarilhos. Vou ter avaliação negativa por não saber manter a ordem. Deu-me também uma descompostura por eu ter mandado um aluno para a rua com falta disciplinar. Disse-me que o bom professor é persuasivo e não usa medidas de coacção bárbaras. Tomei mais um Victan.
...Neste intervalo apareceu o pai de uma aluna que queria falar comigo. Deu-me dois estalos por eu a ter repreendido, por ela estar a atirar cadeiras pela janela e por ter acendido uma fogueira na sala de aula. Ainda tentei dizer que ela trouxe garrafas de vodka na mochila e deu a beber aos colegas todos, mas ele disse-me que o vodka está pago e não é da minha conta. Só deitei um bocadinho de sangue pelo nariz. Tomei mais um Victan.
...A aula do 7ºB foi ainda pior. É de tarde e eles já estão a ressacar. Ai como era bom, dantes, quando se mandavam 28 recados para casa por aula, tantos quantos os alunos, e se preenchiam 28 participações... Não se dava aula, mas ainda não levávamos na tromba nem tínhamos avaliações negativas por não sabermos manter a ordem... Os alunos estavam muito agitados, mesmo para os padrões deles. Tanto que eu queria ter explicado o que são rochas magmáticas... Há anos que não explico matéria nenhuma. Passo as aulas a tentar que não me batam e escrevo umas coisas no quadro. Eles andavam ao estalo uns aos outros, a fazerem corridas e a ensaiarem coreografias dos Morangos com Açúcar. A maior parte ainda nem sabe ler bem, mas se eu der muitas negativas tenho mais um processo disciplinar e corro o risco de ir para a rua, e com esta idade já não me aceitam como empregada do McDonalds. Talvez como mulher de limpeza, mas tenho duas hérnias discais e alguns parafusos nos ossos das pernas, por causa das sovas que tenho apanhado. Tomei mais um Victan.
...Estou no limite das minhas forças. 50 Horas por semana na escola, mais os serões e fins de semana agarrada a grelhas, avaliações, planos individuais, actas, processos disciplinares, participações, contactos com os Encarregados de Educação, registos de faltas, relatórios de apoio pedagógico acrescido, planos de acompanhamento, acções de formação, feitura de horários e turmas, currículos alternativos, estabelecimento de critérios e objectivos colectivos e individuais, mais a organização da defesa dos processos disciplinares que me põem por não saber manter a disciplina, têm dado cabo de mim. Sem contar com as idas ao hospital e as estadas nas clínicas psiquiátricas e na ginástica de reabilitação.
...No intervalo estive coma Coordenadora a receber instruções para retirar os telemóveis aos alunos que insistissem usá-los nas aulas. Tomei mais um Victan...
...Entrei na aula do 9ºC e reparei que eles vinham ainda mais bêbados e pedrados que o habitual. A Sónia Pinto pôs-se a abanar o telemóvel em frente à minha cara e avisei-a repetidamente que não o podia usar. Pôs-se a telefonar e a mandar mensagens, enquanto ria e debitava obscenidades para um tal Pata de Urso. Avisei-a mais uma vez, enquanto o resto da turma ria e gerava o caos total. Ela pôs-se a refilar, como é seu hábito e a dizer que não era só ela, que a Vanessa Gomes também estava a fazer o mesmo. Eu não vi, pois a Vanessa costuma passar boa parte das aulas por baixo das mesas dos rapazes... Com receio de levar mais um processo, retirei-lhe o telemóvel. Ela até nem gritou nem me bateu muito. Consegui sobreviver ao resto da aula, e até expliquei umas coisas no quadro acerca da fotossíntese! O Alexandre Andrade estava com os fones postos e o chapéu de basebol para os olhos, brincava com a ponta e mola, olhava para as moléculas do ATP e dizia que eram iguais aos bichinhos que ele tem no cérebro. E ria-se.Tomei mais um Victan.
...Hoje à noite tenho que procurar forças para tomar um banho e lavar a cabeça. Estou esgotada. Vem aí a semana das reuniões de avaliação. Temos todos que fingir que os alunos se comportam bem e que aprendem alguma coisa, ou a perseguição do Ministério intensifica-se.
...Os alunos disseram-me que filmaram a cena do telemóvel com a Sónia. Estou perdida! É o fim da minha carreira! Os pais vão-me crucificar! O Conselho Executivo também! O Ministério também! Estou em pânico. Não sei se apresente participação ou não. Há anos que não as apresento, porque para redigir todas precisava de umas 8 horas por dia pelo menos, e ainda era acusada de não saber manter a ordem. Não sei o que faça. Os Victans já não fazem efeito. Os meus filhos! Os meus filhos! O que será deles?

(Desconheço o Autor!)

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

“Se eu não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro.” D. Pedro II

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Uma imagem referente a greve


Como não postei nada sobre a greve, gostaria de deixar apenas uma imagem que diz tudo que eu gostaria de dizer.
Fonte: Revista do Brasil))) - Junho de 2008

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Enquanto o recesso não acaba...

DEFICIÊNCIAS
Mário Quintana (escritor gaúcho 30/07/1906 - 05/05/1994)
"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
"Louco" é quem não procura ser feliz com o que possui.
"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.
"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão.Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.
"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda. "Diabético" é quem não consegue ser doce.
"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.
E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois: "Miseráveis" são todos que não conseguem falar com Deus.
"A amizade é um amor que nunca morre. "
Sabiamente:
Mário Quintana
(Arquivo pessoal)

quinta-feira, 3 de julho de 2008

O professor de antigamente... decepção!

Hoje tive duas decepções, talvez as maiores de minha carreira como professor.
Dia de avaliação, estava eu dando as orientações de como seria, de repente um aluno que falava o tempo todo sai da sala sem minha permissão como se não tivesse ninguém ali, e como se estivessem sem nada pra fazer. Eu fui até a porta e disse a ele que nem precisava voltar, mas ele voltou e eu o coloquei para fora da sala, afinal não havia condições dele continuar a prova, pois ela era individual e sem consulta. Segundos depois a coordenadora aparece em minha sala trazendo o aluno, dizendo que a diretora ordenou que ele entrasse. Eu imediatamente disse a ela que não teria como ele voltar para a sala justamente pelo fato de ser prova e afinal ele tem que aprender a se portar diante de uma prova, pois como enfrentará um vestibular daqui dois anos? A coordenadora pediu que eu fosse falar com a diretora, e eu fui.
Ao chegar à sala da diretora ela, muito indelicada, usando o mesmo tom de voz que usa para dar bronca nos alunos disse-me: - O que aconteceu professor? Eu expliquei, e logo em seguida ela disse em alto e bom som: - Professor, lugar de aluno é na sala de aula, coloque ele em um cantinho da sala, ele não precisa fazer nada, mas o mantenha lá! Eu indignado, não somente pelo fato dela ter tirado a minha autoridade, mas, sobretudo pelo fato de uma diretora de escola pensar desta forma:
“(...) ele não precisa fazer nada, mas o mantenha lá!”
Com isso voltamos à estaca zero, tratando aluno feito números, este aluno, por exemplo, é um número, está apenas esquentando cadeira, tomando lugar de alguém que quer estudar e se sacrifica estudando em uma escola longe de casa. Com isso também ela me tira a autoridade do ser “educador” voltando assim a ser o “professor” de antigamente, ou seja, aquele que ensina conteúdo apenas.
Sinceramente, as raras vezes que mandei algum aluno pra fora da sala, mandei com dor no coração, porém, sei que isso tem grandes chances de regenerar esse aluno, pois é um reforço negativo, ou seja, toda vez que ele sentir vontade de sair da sala ele não vai sair porque sabe quem tem que ter permissão para isso, além do que pode servir como exemplo para os outros alunos. Isso é EDUCAR!
Com licença, por favor, obrigado, são cobrados por mim diariamente na sala de aula, é preciso dar a educação que eles não tiveram em casa, prepara-los para o mundo. É claro que é um desperdício de tempo, mas se não fizermos, quem fará? Como vamos formar seres humanos se não resgatarmos estes conceitos de ética, moral e educação?
Vendo pela ótica racional, nestas horas também não há o que fazer, é melhor perder um aluno que além de não querer estudar, ainda atrapalha os colegas, do que perder vários outros que são iludidos por ele.
Por fim, recebi o aluno e dei a ele uma nova chance de fazer a prova. Passado alguns minutos ouço barulho de alguém amassando papel, quando olhei percebi que era a prova! O aluno que amassou levantou e a jogou no lixo, na minha frente, e após isso alguns o seguiram (uns três ou quatro, inclusive o que eu dei uma nova oportunidade de fazê-la), pelo barulho que eles faziam propositalmente parecia ser a sala inteira. Esta foi a segunda decepção do dia e maior de minha vida profissional, senti até vontade de chorar. Ignorar a matéria é ignorar conhecimento e aquele que o transmite.
Se eu não tivesse consciência da importância de minha missão, e encarar o magistério como um dom, largaria tudo hoje, só não o fiz por saber que todos os caminhos vão me levar à sala de aula, pelo fato de acreditar em que posso lutar para mudar um pouquinho desta lamentável e vergonhosa situação que é a educação em nosso país.
Gostaria de terminar este post com o meu lema, no momento, mais propício do que nunca:
“Enfim, fui educado para educar...”.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Eu sou

Sou aquele que busca o infinito
Sou o que acredita,
Sou quem luta
Sou louco, é o que dizem.

Sou aquele que não desiste
Sou o que sofre, a lágrima.
Sou quem acredita e sorri
Sou quem vê a semente brotar

As vezes sou a mão, a luz
Outras vezes sou ninguém
As vezes sou o tudo
Outras sou o nada.

Sou o cansaço que não quer se cansar
Sou as vezes a frustração, a minha frustração
Sou o que carrega o peso de seu dom
Sou aquele que não fugiu de sua missão

Sou aquele que vê flores entre ruínas
Sou o que sou e como sou
Sou construtor, restaurador, animador.
Sou o amor, pois...

...sou professor!

(O Professor)

domingo, 15 de junho de 2008

Comunidade no orkut

Esta semana fiquei muito feliz, pois fui surpreendido por uma comunidiade que criaram para me homenagear no orkut.
Dê uma olhadinha na descrição e veja como meus alunos são danadinhos!

"Essa comunidade é pra vc que:

* Odeia sua matéria, mas adora o Prof.
* Passou a gostar desta matéria por causa dele
* Não perde uma aulinha e se ele falta vc reclama
* Se mija de rir com suas explicações
* Acha graça qdo ele fala "porta"
* Dá risada qdo ele ri alto
* Fica conversando só pra ouvir ele falar: -Ô 5a série braba!
* Já perguntou se é pra copiar, só pra ele responder que é pra tirar xerox

Enfim, essa comu é pra vc que ama este excelente e dedicado professor!"

Adorei!

domingo, 8 de junho de 2008

Na sala dos professores

Semana passada em uma das escolas da manhã tivemos reunião de pais, e enquanto esperava a reunião de minhas salas iniciarem eu conversava com outros professores na sala de apoio pedagógico, onde funciona também a sala dos professores.
Entre vários assuntos refletíamos sobre a sexualidade que os jovens desenvolvem cada dia mais cedo, pulando várias etapas da infância e adolescência. Foi muito triste ouvir as histórias que ouvi, histórias que parecem estar tão longe, mas que estão tão perto, abaixo de nossos olhos. A alguns anos atrás, meninas de 11 anos eram apenas crianças normais, sem noção algum de erotismo, que brincavam de bonecas, hoje meninas de 11 anos são mães ou estão grávidas perguntando para o professor se "tal remédio" faz perder o bebê, com o intuito de abortar... e se não são, são aquelas que falam para a outra coleguinha que ser virgem está fora de moda. Mas espere um pouco... 11 anos é para uma criança ser virgem, não acham? Com 11 anos esta criança deveria estar sob o olhar de seus pais... mas que pais? Quem são seus pais? Onde estão seus pais? Aí entra o papel do professor, que muitas vezes, muitas mesmo, assumem o papel de pai, mãe, psicólogo etc. Quantos professores encaminham estas crianças para profissionais especializados, como dentista, psicólogo, ginecologista, etc., e se não conseguem doação pagam tratamento de seu próprio bolso, pois se for esperar por um atendimento púbico... (bom não quero nem comentar sobre a área da saúde).
Professores, que dão a vida pela sua profissão, correm riscos de morte diariamente, não por dinheiro, pois o com o miserável salário que recebemos não paga nem o investimento que fizemos nos preparando para tal especialização. Mestres que tem condições gigantescas de serem bem sucedidos em outras profissões, porém não fogem do seu chamado, do seu dom, mártires da educação que se consomem dia-a-dia sem algum respeito, sem alguma dignidade.
Nosso salário são sorrisos de agradecimento e a certeza de que conseguimos fazer com que ao menos uma criança ou jovem tenha mudado de atitude, e esse também é o incentivo único que nos faz caminhar e passar por cima de toda humilhação, todo cansaço, todo desprezo.
Se você tem filhos na escola, participe desta vida escolar, compareça na escola, converse com os professores e diretores, assim você ajudará não somente o seu filho ou o professor, mas cumprirá com seu papel de pai, de mãe.
Contudo encerro dizendo apenas uma coisa: Cuide do hoje para não se arrepender do amanhã.

A frase da semana

"Professor, sabe por que eu gosto do senhor?
Porque o senhor entra aqui e dá aula!"

Fernanda
(Aluna do 2° ano do Ensino Médio)

domingo, 18 de maio de 2008

Será apenas sorte?

Esta semana que passou foi também complicada, com direito a até ameaças de morte. Tudo começou na sala de aula, quando uma aluna foi colocada pra fora por indisciplina, ela se recusou a sair e foi a maior confusão na sala.
Resultado: No outro dia encontrei na secretaria a aluna acompanhada de seus pais (até então eu não sabia do ocorrido), ela me cumprimentou e eu que estava carregando umas cadeiras para a sala dos professores, a cumprimentei e continuei a subir as escadas, pouco tempo depois desci para ver o nosso novo horário e ao subir novamente, ouvi o pai da aluna dizer que vice-diretora e ¨bosta¨ eram a mesma coisa, e que ele queria era falar com a diretora. Como isso em secretaria é uma coisa normal eu subi para minha sala. Durante uma das aulas um aluno me perguntou se algum professor foi mandado embora por ter chamado uma aluna de vagabundinha, eu respondi que não sabia de nada, e nem sabia mesmo, pois só fiquei sabendo na hora do intervalo, quando vi que os professores estavam todos preocupados, pois o pai da aluna ameaçou de matar o tal professor, a diretora, por sua vez, disse que iria fazer um boletim de ocorrência. A sorte do professor é que ele não tinha aula naquele dia. Será apenas sorte?
No outro dia ministrei aula na sala da aluna envolvida no ocorrido, ela foi a ultima a entrar na sala, chorando, pediu para conversar comigo, solicitei que a sala ficasse em silêncio que eu já voltaria, e saí da sala com ela.
Ela me contou o ocorrido: “Então professor, ontem eu me desentendi com o professor José e ele me tratou mal, chegando em casa eu falei pra minha mãe e ela contou pro meu pai, aí ele veio aqui na escola, brigou com a diretora e ela falou que ia na polícia”. Pedi para ela se acalmar, comecei a esclarecer alguns pontos: falei que não sabia o que realmente aconteceu, mas ressaltei sobre a inexperiência do professor e de sua humanidade, que se ele falou algo é porque queria o bem dela, pois se ele não estivesse nem aí com ela, simplesmente a ignoraria, que ele poderia realmente ter dito coisas que não deveria, mas que com certeza ela teria o provocado, e afinal de contas, que ser humano não erra? Também expliquei que professor esquece rápido das coisas que acontece na sala de aula, que não guarda rancor, e que com certeza na próxima aula ele nem lembraria do ocorrido (disse isso por experiência própria).
Pareceu-me que ela entendeu, pois ela disse que ia conversar com seu pai, e esclarecer que ficou nervosa também. Agradeceu-me e foi mais calma pra sala.
Ao meu ver esse incidente foi resolvido!

domingo, 11 de maio de 2008

Que confusão!

Muitas coisas aconteceram neste período, muitas que preferia não ter presenciado...

No dia da avaliação do projeto de recuperação de matemática, após os alunos terem terminado, foram fazer um intervalo para retomar as aulas que teriam após a prova, quando já estava acabando o intervalo, chega a inspetora e diz que a diretora estava presa no banheiro com alguns alunos que estavam fazendo uso de drogas. Ela se prendeu com os alunos e pediu para alguém do lado de fora ligar para a polícia e para garantir que os alunos não fugissem ela só sairia de lá após a chegada de polícia, e assim foi feito.
Com a chegada da polícia fiquei mais calmo, pois temia que fosse feito alguma coisa com a diretora que estava lá entre cerca de 12 jovens supostamente drogados. A polícia iniciou o seu trabalho de verificação, pois os jovens juravam ¨de pés juntos¨ que ¨estavam limpos¨, não sei como procedeu, porque eu estava do lado de fora do banheiro, só sei que foram liberados alguns dos jovens que supostamente não estavam envolvidos e logo após ouvi sons que pareciam ser de tapas, que provavelmente seriam na face, depois de uns trinta minutos todos foram liberados.

Que coisa, não?!

domingo, 13 de abril de 2008

No e-mail do professor

Prezado amigo: Bom dia !
Sou professor de física de ensino médio de um escola pública em uma cidade do interior da Bahia e gostaria de expor a você o meu salário bruto mensal: Eu fico com vergonha até de dizer, mas meu salário é R$ 650,00. Isso mesmo! E olha que eu ganho mais que outros colegas de profissão que não possuem um curso superior como eu e recebem minguados R$ 440,00.
Será que alguém acha que com um salário assim, a rede ensino poderá contar com professores competentes e dispostos a ensinar?
Não querendo generalizar, pois ainda existem bons professores lecionando, mas atualmente a regra é essa:O professor faz de conta que dá aula, o aluno faz de conta que aprende e a escola aprova o aluno mal preparado. Incrível, mas é a pura verdade! Sinceramente, eu leciono porque sou um idealista e atualmente vejo a profissão como um trabalho social. Mas nessa semana, o soco que tomei na boca do estomago do meu idealismo foi duro! Descobri que um parlamentar brasileiro custa para o país R$ 10,2 milhões por ano. São os parlamentares mais caros do mundo. O minuto trabalhado aqui custa ao contribuinte R$ 11.545. Na Itália, são gastos com parlamentares R$ 3,9 milhões, na França, pouco mais de R$ 2,8 milhões, na Espanha, cada parlamentar custa por ano R$ 850 mil e na vizinha, Argentina, R$ 1,3 milhão. Trocando em miúdos um parlamentar custa ao país por baixo: 688 professores com curso superior!
Diante dos fatos, gostaria muito, amigo, que você divulgasse minha campanha, na qual o lema será: "TROQUE UM PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES"*
(*) Poderia ter colocado no lema para 688 professores,mas coloquei a metade (344), pois assim, sobra uma verba para aumentar o nosso salário, que é uma vergonha...
(e-mail recebido em 12/04/2008, o professor não se responsabiliza pela veracidade dos fatos citados no e-mail aqui publicado - A Identidade do professor destinatário será preservada)

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Proibição do uso de celulares

Uma invenção geniosa e extremamente útil se torna insuportável pela falta de bom senso no seu uso, seja no ônibus, nos restaurantes, no cinema, enfim, é uma falta de educação tremenda. São pessoas que gritam como quem está em um jogo de futebol, como se todos tivessem interessados em suas aventuras, sem falar nas musiquinhas super altas onde todos são obrigados a ouvir... lamentável!
Nas sala de aula a coisa vai além, pois o uso de tal utensílio, que contém uma infinidade de recursos, tais como calculadora, tocador de mp3, rádio, maquina fotográfica, filmadora e outras tantas coisas mais, atrapalham o aprendizado de quem usa e também dos que estão em volta dos usuários. Por mais que é dito para os alunos e seus respectivos responsáveis nas reuniões de pais não há uma atenção, parece que estamos falando para as paredes. Esta situação causa uma estranheza por parte do corpo docente, pois os mesmos que não podem comprar a camisa do uniforme da escola são os que têm o celular de última geração! Gozado, não?
Em janeiro deste ano o Sr. Governador José Serra decretou a proibição do uso de aparelho celulares nos horário das aulas, agora é lei, mas que providencias tomar se desrespeitadas? A lei dá autoridade a unidade escolar decidir quais as providencias tomar, ou seja, não haverá uma uniformidade. A meu ver, ao decretar uma proibição, junto da mesma tem que haver a punição respectiva ao descumprimento de uma forma geral, para que funcione em todas as unidades de ensino, ou seja, precisamos mais do que nunca nos unir para falar a mesma língua.
Todos pela educação! Nos ajude a salvar as nossas crianças, o nosso Brasil!

quinta-feira, 27 de março de 2008

As dores diárias

Ontem aconteceu algo muito curioso...
Estava eu, indo pra escola como de costume, quando percebo uma irritação no meu olho esquerdo. Chegando na escola, fui ao banheiro, lavei, olhei, procurei, mas nada de parar de incomodar e doer, mesmo assim subi para a minha sala e ministrei as 5 aulas da noite, com aquele incomodo tremendo causado pela dor, além de estar limitado por não poder enxergar normalmente.
Chegando em casa olhei novamente, pinguei colírio, mas nada de parar de doer, então fui dormir acreditando que acordaria sem a dor e que se fosse algo sairia no decorrer da noite... doce engano! Na manhã seguinte, meu olho ainda doía, mesmo assim fui para a escola da manhã, nem sei como consegui ministrar aquelas 4 aulas, meus alunos percebendo o inchaço e a irritação do meu olho até ficaram muito quietinhos e me ajudaram em tudo, sem mesmo que eu pedisse, leram o texto para que eu explicasse, distribuíram os jornais (uma espécie de apostila em formato de jornal), enfim, colaboraram... estes pequenos gestos significaram pra mim uma docilidade incalculável da parte deles. Eu poderia ter faltado, mas por conta dos feriados acabamos nos atrasando no conteúdo do jornal que tem data para terminar.
Enfim, acabando as aulas, liguei para o meu irmão ir me buscar e me levar no oftalmologista, pois a estas alturas, além da dor eu não conseguia enxergar quase nada. Passamos em casa para pegar os documentos e meu irmão olhou meu olho para ver o que havia, e lá no fundo do globo ocular ele percebeu um ponto escuro, molhou um cotonete no colírio, puxou a pálpebra e com o cotonete tentava tirar o tal “corpo estranho”, depois de muitas tentativas conseguiu e para nossa surpresa, junto com o sangue, saiu um espinho de rosa! Sim, um pequeno espinho de rosa!
Descansei a tarde e a noite, novamente fui eu ministrar mais 5 aulas, ainda me recuperando, pois a dor agora era apenas do machucado que o espinho causou.
O mais curioso desta história toda é que quando eu cheguei em casa me deparei com um ramalhete de rosas que havia chegado para mim, sem motivo aparente, sem cartão, sem rementente...
Isso me levou a uma reflexão, comparando a rosa com o magistério, todo o seu processo, do broto até chegar na linda rosa, desde o início tem os seus espinhos que machucam, incomodam, mas a vontade de ver a rosa é maior e estes espinhos se tornam apenas espinhos que se tiram como o do meu olho, doeu, sangrou, mas saiu, e a rosa continua a se desenvolver.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Ainda vale a pena

Após a aula desta manhã fui surpreendido por uma aluna com uma sacolinha na mão, onde entregou-me dizendo para eu abrir só quando eu chegasse em casa.
Mas hoje não sou eu quem conta a história. Veja a importância que tem simples gestos do professor na vida de um aluno.


"De: Vanessa Para: Profº

Quero que você saiba que eu te achei muito importante e especial; fiquei sabendo que você se preocupou comigo; perguntando porque eu estavatriste na quarta-feira passada.
Não quero que você pense mal de mim, pois só quis te presentear com uma lembrancinha; só não liga para o meu jeito tá? Pois o único problema é que eu dou muita risada; afinal você também!
Por favor não pense nada de mal de mim pois quero ser sua amiga e uma boa aluna.
De sua aluna que te admira muito Vanessa.
* Não fica chateado comigo, sou inocente!
Espero que você goste do presente
Ass: Eu!"
(Vanessa, aluna do 1º ano do Ensino Médio)

Ah!
O presente era um cinto caramelo com umas cordinhas desenhada.

terça-feira, 11 de março de 2008

É fogo!

“Adolescente tem 50% do corpo queimado, com queimaduras de 1º e 2ºgrau. Após ter saído da escola a jovem Graziela de 14 anos foi surpreendida por uma colega da escola de 17 anos, que jogou gasolina em Graziela e depois ateou fogo. A agressora não foi encontrada”. (Fala Brasil - Rede Record)
Em que mundo vivemos? Alguma coisa justificaria tal agressão?
Está mais do que claro que um crime hediondo como esse foi planejado e teve intenção de matar, pois não há como conceber que uma pessoa de 17 anos de idade não tem consciência de que se atear fogo em alguém vai levar a morte deste e com crueldade!
E o que será feito com este “monstrinho” depois de encontrada? Será encaminhada para as autoridades (Vara da Infância e da Juventude), ouvida e depois solta! Pronta para atear fogo em outros jovens, nos teus ou nos meus filhos. Deus nos livre!
A maioridade penal é algo que precisa ser revisto com urgência.
Para quem pensava anteriormente em comprar um colete à prova de balas já que não temos segurança alguma, agora com essa de atear fogo, teremos que andar com um extintor nas costas. Lamentável.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Eventualidades

Na condição de professor estamos sujeito a sofrer com algumas eventualidades, por exemplo, uma dor de cabeça fora de hora ou uma alteração de humor. O que fazer nestes casos?
Não podemos simplesmente abandonar a jornada daquele dia, um professor quando entra em sua primeira sala do dia toma seu posto como um soldado aceita a sua missão, tendo em mente não abandona-la ainda que isso lhe custe horas de mal-estar.
Nestas horas de eventualidades acontece de tudo, inacreditável! Todo mundo disperso, com vontade de fazer xixi ou beber água, parecem que eles notam essa indisposição e fazem de tudo para piorar.
Tenho desenvolvido uma tática especial para estes dias, fico surdo e cego. Sigo a aula normal, porém com a sensação de levar o estádio do Morumbi na cabeça. Nestes dias que não estamos muito para “conversa” um pio é um imenso cacarejar, por isso relevo mais que posso. Mesmo assim não deixo de levar o meu “Lisador” na mala junto com minha garrafinha de água de todos os dias. Entre um gole e outro fico mais relaxado, além de hidratar minha garganta que não anda muito bem, afinal são 8 horas por dia falando, falando e falando...

terça-feira, 4 de março de 2008

Uma vergonha...

Este ano já tive minha primeira decepção. Explica-me uma coisa, qual o papel do professor na sala de aula? Ensinar, desenvolver e avaliar, certo? Se o aluno se nega a passar por esse processo, ou seja, não quer aprender, mesmo depois do professor ter usado todas as táticas pedagógicas de ensino possíveis e imaginárias para que mude esse quadro? A verdade é que muitas vezes estes alunos estão na escola por que são obrigados pelos pais, muitos para apenas conseguir um diploma, outros simplesmente para comércio de drogas.
Agora, o que fazer? Claro, que se o aluno se nega a aprender, e pior que isso, impede outros colegas de aprenderem, alguém deveria tomar alguma providencia, não acha?
Vários são os casos no Brasil de professores que são agredidos em sala de aula, na presença de toda a turma, simplesmente por ter feito alguma advertência verbal a esse aluno inconseqüente. Mesmo com esse grande índice não se toma providencia alguma! Até quando, mestres serão coagidos, desrespeitados, agredidos e até mesmo mortos, sendo mártires da educação?
Ontem mesmo, perguntei em uma das escolas que eu leciono se havia alguma política pedagógica para tratar estes casos, evitando assim graves problemas. A resposta foi simples: - O professor é obrigado dar média 5! Sem titubear respondi: - Aluno que não quer aprender e além de tudo atrapalha a aula, não tem como aprovar! Ele me respondeu: - Ta certo, você reprova e o conselho aprova! Gostou ou quer mais? – O professor é responsável pelo aluno, tem que fazer com que ele crie interesse. Ah! Em uma sala com 50 alunos? E os outros 49?
É por isso que muitos não se interessam, pois sabe que no final do ano todos passam mesmo, muitos alunos afirmam em nossa cara que só se reprova por faltas. Contudo, por esse ponto eles estão certo mesmo, infelizmente.
Isso foi uma afronta a minha inteligência, quer dizer que eu estudei a minha vida inteira para ser obrigado a passar alunos sem competência?
Como um aluno pode interpretar um texto se ele não sabe ler? E eu ainda sou obrigado a passar esse aluno? Fazendo isso eu também seria responsável pelo fracasso do mesmo, será que eles não percebem isso? Não tem como passar um aluno que não sabe e não sabe por que não quis aprender! Além do mais existem uma grande lista de espera de alunos que estão sem vagas, seria justo identificar estes que apenas esquentam cadeiras e dar lugar aos que querem estudar. No início do ano é comum ver alunos na secretaria chorando por vaga, chorando por que querem estudar. Sabe o que significa isso para um professor? Eu sei... se você é professor também sabe, corta a alma.
Deixo claro que não são todas as escolas que agem desta forma, pois trabalho em quatro escolas e todas elas, com exceção a do ocorrido, dão apoio ao professor quando se refere à qualidade das aulas. Algumas infelizmente dão mais valor ao bônus que é recebido no início do ano, bônus que é calculado principalmente por taxa de alunos aprovados e evadidos.
Termino dizendo apenas uma coisa: Pressão nem dinheiro nenhum vai comprar o múnus de ensinar que me foi incumbido, tão pouco anular a promessa que fiz em favor da verdade no dia em que colei grau.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Aula no E.J.A.

Na última sexta-feira, por falta de professores, fui dar uma aula para uma turma do E.J.A.
(Ensino para Jovens e Adultos), o antigo supletivo. Não me lembro para qual série que foi, mas me lembro perfeitamente daqueles olhinhos curiosos, alguns cansados e até desanimados por provavelmente ter tido um dia duro de trabalho, com certeza a maioria pegou um ônibus lotado, e com essa época de chuvas então, imagine... Porém os olhos permaneciam fixos em minha pessoa, quanto mais eu falava, mais eles se interessavam, participavam.
Tivemos uma conversa a respeito de conceito de "ser e existência", relacionei vários exemplos do nosso cotidiano, e isso deixava a aula muito mais empolgante. Só lembro que passamos 4o minutos conversando. Ao passar do tempo podia perceber o balançar das cabeças para cima e para baixo em sinal de "estou entendendo", em um absoluto silêncio não se ouvia nenhum um barulhinho. Neste bom clima para o aprendizado estas pessoas que não tiveram condições de estudar na infância/adolescência tem hoje a oportunidade de ter um ensino de qualidade.
Resumindo, foi uma experiência fantástica! Poder trabalhar com ensino de adultos, é um grande privilégio.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Agora já conheço as 4 escolas!

Realmente o período da manhã é um tanto quanto... complicado!
Hoje iniciei na escola D. A escola tem uma boa estrutura física, me parece um pouco mais organizada, mas quando se trata de alunos não muda muita coisa da escola C. Não sei da onde sai tanta nescessidade de ir no banheiro e beber água... Isso me irrita.
Hoje ocorreu um fato estranho que foi muito engraçado: Eu dando minha aula, com a porta aberta, que dava de frente para outras duas salas de aula, de repente ouço palmas, muitas palmas, gritaria e assovios. Ao olhar para a porta, curioso com o barulho vi os alunos das duas salas da frente olhando e acenando para mim... não entendi até agora a causa das palmas. Vai saber, tem doido pra tudo neste mundo! rs

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Encontros e reencontros

Perído da manhã:
Hoje iniciei na escola C, iniciei também minhas aulas no período da manhã, fato inédito até então.
Os alunos da manhã são bem diferentes dos que estudam no período da noite, são mais “crianças” (vou ter que usar todo o meu lado pedagógico). Penso em preparar aulas diferenciadas, pois me parece que há abertura para isso, mesmo com a sala lotada eles aceitam fácil as propostas de ensino. Essa abertura tornam as aulas muito mais proveitosas.
Período da noite:
Até que enfim estou de volta para a minha escola, a escola A! Revi os meus alunos e conheci as novas turmas, foi muito legal!
O primeiro contato é meio cansativo quando se trata dos alunos que vem dos outros períodos para o noturno, pois é neste ano que eles terão tempo de amadurecer, muitos começam a trabalhar e ter suas responsabilidades. Enquanto isso não acontece, nos primeiros dias de aulas eles farão de tudo para chamar a atenção dos professores, pois sentem uma necessidade tremenda de se destacar e ficam com "gracinhas" fora de hora (normal)... logo percebem que isso não irá leva-los para lugar algum, a não ser para a diretoria... não costumo fazer isso, prefiro resolver na sala mesmo, encaminha-lo para a diretoria é a ultima alternativa.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Primeiro dia de aula de 2008

Todo primeiro dia de aula é especial, pois é o nosso primeiro contato com as turmas e no meu caso, o primeiro dia de aula seria em uma nova escola, a escola B.
Não é muito legal mudar de escola, pois nunca se sabe o que irá encontrar, pode ser algo muito bom, mas também corre-se o risco de ser algo ruim demais, e isso causa uma ansiedade tremenda. Por outro lado, tem a possibilidade de se mudar de ares, é o que todos falam, eu ainda não consegui ver algo de proveitoso nisso, se acaso um dia sentir eu conto.
Antes de ir para escola B, como de costume passei na escola A (minha sede), para ver o que estava acontecendo por lá. Depois de algum tempo desci para a escola B, onde enfrentaria as minhas novas turmas. Dobradinha nas duas primeiras aulas, lá vai eu subir pela primeira vez aquelas escadas. Os olhares das pessoas nos corredores erram totalmente decifráveis: - Quem será esse novo professor? Chegando à sala, como de costume, alguns alunos que não eram daquela sala, mas a inspetora logo pediu para que eles se retirassem. Apresentei-me, combinei com eles as regrinhas básicas de uma sala de aula (meu trato pedagógico), depois expus o conteúdo a ser trabalhado no decorrer do ano, após isso pedi que eles se apresentassem, mas através de uma redação, já aderindo o plano de ensino proposto para esse ano, que é enfatizar a leitura e a escrita.
Hora do intervalo! Fui direto para sala dos professores, liguei para um amigo da escola A, mas logo ouvi a diretora perguntando se era eu quem estava na linha, ela pegou o telefone e me deu uma das mais emocionantes notícias que um professor poderia receber. Na hora de apresentar os professores, os meus alunos do ano passado, vendo que eu não estava, começaram a gritar meu nome... e a diretora fazendo “Xiiiiii... silêncio...”, até que ela falou no microfone: - Calma! Ele não está aqui, mas será o professor de todos vocês! Aí que foi uma gritaria! (Palavras da minha diretora).
Nossa... isso me deixou muito, mas muito feliz, pois isso é a certeza que estou indo para o caminho certo, pois sou um professor muito exigente, cheio de regras, assumo ser chato as vezes.
Esta situação me leva a crer que a preocupação que tenho é entendia por meus alunos, mesmo sabendo que estas atitudes não são muitas vezes aceitas logo de início por eles.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

O mundo dá voltas

Hoje foi o ultimo dia de planejamento...
Depois de ir na minha sede esperei a chuva passar e fui para uma outra escola onde vou lecionar este ano. Cheguei, me sentei e fiquei... depois de alguns minutos chega uma mulher loira, fina e muito bonita... essa mulher que também era uma professora, foi escolher o seu armário, como todos os outros professores, até então normal. Ela escreveu seu nome para identificá-lo em uma folha que estava destinada a isso, foi então que eu (muito curioso) levantei meu olhar a fim de saber o nome da professora... consegui apenas enxergar dois "ms", que eu já havia visto em algum lugar... forcei minha vista e consegui ler: Maria Matias... Mais que rapidamente olhei para ela, e logo perguntei: - A Senhora se chama Maria Matias? Ela respondeu que sim! Eu pensando comigo: - Mas como ela está diferente! Aí foi que eu disse que ela havia sido minha professora na 7a série, ou seja, a pelo menos 11 anos atrás.. e o engraçado é que estranhamente eu havia comentado sobre ela na mesma semana com um amigo, eu a descrevia alta e magra com essa mesma elegância, porém seus cabelos pretos com corte tipo channel que agora estão loiros e compridos, parece que os anos não passaram para ela.
Conversamos um pouco, falamos sobre o passado, sobre a atual educação e sobre como o mundo dá voltas. A reunião foi muito longa e eu não consegui tirar os olhos da tal professora... a olhava com ar de admiração, a impressão que tive é de estar frente a uma pessoa famosa.
Comecei a lembrar de sua postura na sala de aula, excelente professora, sempre séria e brava. Então percebi depois de mais de 10 anos que ela também ri, e ri com um sorriso lindo... ah se ela soubesse que tem um dos mais belos sorrisos, e sorrisse na sala de aula com certeza suas aulas ficariam mais belas. Prestei atenção em todos os seus movimentos, sua letra desenhada, continua com o mesmo capricho em pintar as curvinhas em cima das letras de mão. Até então não conseguia perceber que agora ela é minha colega de trabalho, é estranho ouvi-la me chamando de professor, em alguns momentos me senti indigno de levar esse nome, pois a voz que chamava meu nome para resolver algum exercício na lousa era a mesma que me chamava de colega de profissão! Sensação única!
Acabada a reunião ela me ofereceu carona... realmente... o mundo dá voltas!