domingo, 8 de junho de 2008

Na sala dos professores

Semana passada em uma das escolas da manhã tivemos reunião de pais, e enquanto esperava a reunião de minhas salas iniciarem eu conversava com outros professores na sala de apoio pedagógico, onde funciona também a sala dos professores.
Entre vários assuntos refletíamos sobre a sexualidade que os jovens desenvolvem cada dia mais cedo, pulando várias etapas da infância e adolescência. Foi muito triste ouvir as histórias que ouvi, histórias que parecem estar tão longe, mas que estão tão perto, abaixo de nossos olhos. A alguns anos atrás, meninas de 11 anos eram apenas crianças normais, sem noção algum de erotismo, que brincavam de bonecas, hoje meninas de 11 anos são mães ou estão grávidas perguntando para o professor se "tal remédio" faz perder o bebê, com o intuito de abortar... e se não são, são aquelas que falam para a outra coleguinha que ser virgem está fora de moda. Mas espere um pouco... 11 anos é para uma criança ser virgem, não acham? Com 11 anos esta criança deveria estar sob o olhar de seus pais... mas que pais? Quem são seus pais? Onde estão seus pais? Aí entra o papel do professor, que muitas vezes, muitas mesmo, assumem o papel de pai, mãe, psicólogo etc. Quantos professores encaminham estas crianças para profissionais especializados, como dentista, psicólogo, ginecologista, etc., e se não conseguem doação pagam tratamento de seu próprio bolso, pois se for esperar por um atendimento púbico... (bom não quero nem comentar sobre a área da saúde).
Professores, que dão a vida pela sua profissão, correm riscos de morte diariamente, não por dinheiro, pois o com o miserável salário que recebemos não paga nem o investimento que fizemos nos preparando para tal especialização. Mestres que tem condições gigantescas de serem bem sucedidos em outras profissões, porém não fogem do seu chamado, do seu dom, mártires da educação que se consomem dia-a-dia sem algum respeito, sem alguma dignidade.
Nosso salário são sorrisos de agradecimento e a certeza de que conseguimos fazer com que ao menos uma criança ou jovem tenha mudado de atitude, e esse também é o incentivo único que nos faz caminhar e passar por cima de toda humilhação, todo cansaço, todo desprezo.
Se você tem filhos na escola, participe desta vida escolar, compareça na escola, converse com os professores e diretores, assim você ajudará não somente o seu filho ou o professor, mas cumprirá com seu papel de pai, de mãe.
Contudo encerro dizendo apenas uma coisa: Cuide do hoje para não se arrepender do amanhã.

2 comentários:

Anônimo disse...

Infelizmente essa é a realidade no país inteiro. Tenho irmãos professores e aqui no ES não está diferente daí não, e eles tentam ser mais que professores sendo pros alunos o que os pais mtas vezes não são. Alguns nem sabem ou nem se importam com o dia-a-dia dos filhos... das filhas, principalmente.

Anônimo disse...

Professor,

Sou seu fã e aluno, pois todos os dias aprendo coisas lindas com você, principalmente aquelas que os olhos não podem ver.

Seus comentários são plausíveis... como sempre, explêndidos.

Ass: Passarinho